quarta-feira, 2 de junho de 2010

Voltando às coisas simples da vida



Bem... Eu fiz um blog novo, eu sei. E também parei de escrever nele, também sei... Obrigações do dia a dia me afastaram do Third Place e do Too Much Coffee... Nada de errado, é por motivos mais do que justos.


Eu fiz o Third Place como um “filhote” do TMC, e pretendia escrever só no segundo... Mas uma repórter de uma revista semanal entrou em contato comigo fazendo certas observações sobre o blog como ela gostou e eu percebi que ele não só fala de terceiros lugares, mas ele mesmo pode ser um, ainda que virtual. Até pensei em voltar a falar das coisas simples e bacanas no TMC e falar só de terceiros lugares legais que descubro no TP. Mas se mal tenho tempo para escrever em um, que dirá em dois...

Quando me refugio num Starbucks, poltrona devidamente voltada pra “vida lá fora”, mil ideias assaltam a cabeça... E quase nenhuma vira texto. Tou dando um jeitinho nisso. Sem moleskine (frescurine, pois qualquer caderninho caprichado serve, sem necessidade de se exibir e mostrar “olha como eu tenho grana pra comprar uma droga dum caderno importado” que é igual a tantos outros de outras marcas e dez vezes mais baratos) ou netbook na mochila. Tou tomando jeito.

Quero voltar a falar das coisas simples e boas, que eu mesmo encorajo tanta gente a perceber, porém eu mesmo estava esquecendo. Desde lamber a nata que fica na tampa do iogurte até uma premiação no seu ramo de trabalho. De passear com um copo de café quentinho na mão numa tarde fria a receber a notícia do nascimento de um novo bebê na família. Tudo conta.

Na medida do possível, vou me libertar de certos pesos, certas máscaras impostas, certos compromissos forçados pelo exterior e não conquistados ou almejados por nosso interior... E volto à minha higiene mental bloguística.

Mesmo que os posts sejam curtos, quero voltar a falar das coisas bacanas e simples. E, se possível, quero que quem leia também fale das suas nos comentários. Quem sabe um comentário não acaba virando um novo post?

Vamos lá. Espero que seja tão gostoso quanto era quando comecei nessa de blogs.

E não me cobrem revisões! Aqui o texto sai do jeitão que vem. Vai ser legal de novo.

Abração a todos!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pra ver a vida lá fora



A Starbucks tem uma coisa da qual gosto muito e é imprescindível a uma cafeteria: a visão do movimento na rua. Às vezes até levo algo para ler ou estudar, mas são muito necessárias as pausas para simplesmente “ver a vida passar” lá fora. Relaxam mais do que pensamos.

É mais fácil conseguir essas pausas num “terceiro lugar” que convide à contemplação do que em casa, onde mil coisas te chamam a atenção a todo momento... Um telefone que toca, a TV teimosamente ligada...

Neste domingo, passei num Starbucks da Paulista para beber algo quente. Como estava adiantado para um compromisso, fiquei um pouco numa poltrona voltada para o movimento do shopping e da calçada. Foi nessa de passar o tempo que uma cena me chamou a atenção.

Uma moça em seus vinte e poucos anos passou, com uma cara não muito boa. Embora bonita, confortavelmente vestida para um dia quente, ela estava com o semblante triste, meio pesado até. Parava em frente às vitrines olhando, mas não vendo. E continuou assim por longos minutos até sumir de meu campo de visão.

Algo em torno de meia hora depois, voltou, com a mesma expressão entre tristeza e tédio. Até que seu celular vibrou na bolsa...

Ela pegou o telefone sem muita vontade e levou-o ao ouvido, displicentemente. Mas ao ouvir quem ligava do outro lado, despertou de imediato. Recostada a uma coluna, um sorriso começou a nascer naquele rosto até então triste e meio vazio. Não demorou muito, e ela sorria entre lágrimas, tentando enxugar os olhos com a mão, sem sucesso.

Começou a caminhar pelo corredor do shopping, mais ouvindo que falando... E sempre chorando. Mas era um daqueles choros que tiram um senhor peso dos ombros. Voltou e sentou-se a uma das mesinhas externas do café. Ficou ali quietinha, acompanhada de seu sorriso molhado, contando com a sorte de os atendentes do SB, os “partners” terem como regra não perturbar os clientes.

Após um visível suspiro, com a expressão bem mais leve, rosto já seco, mas inchadinho e avermelhado de uma forma bonita, levantou-se, entrou e pediu uma bebida gelada. Parou em frente à estante e escolheu uma bonita caneca da cafeteria, que pediu para embrulharem para presente. Escolheu com tempo, paciência, e, sem perceber, fazia até um certo carinho na peça escolhida, esperando a partner pegá-la para embrulhar.

E saíram de uma forma muito mais agradável de se ver a moça bonita, o Frapuccinno colorido, a caneca de presente e um sorriso tão gostoso que ganhou companhia no rosto do rapaz cansado de óculos escuros, que via tudo enfiado lá na poltrona do canto.

É... Apesar de algumas coisinhas, foi um bom domingo.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Contra o Estereótipo (ou Um Senhor Terceiro Lugar)




Ainda ontem eu conversava com uma jornalista sobre o lance gostoso e urbano do “terceiro lugar”. Até brinquei, falando que é como se meu apartamento fosse meu quarto, e o bairro fosse o resto da casa, só que com várias salas de estar. Percebi que um terceiro lugar não precisa ser um café exatamente, mas um bairro inteiro, algumas vezes. Então, quis mostrar um pouquinho do meu, num texto pequeno à guisa de crônica (não que eu me considere cronista como meus ídolos de infância e adolescência, mas estou com saudades de ler textos assim). Então peguei esse textinho em que falei para umas pessoas de longe de como estavam erradas sobre o que achavam do lugar em que moro.



Meu bairro tem céu azul. Muito azul! Nele, periquitos em bando fazem a maior algazarra, brincando o tempo todo, soltos. Bem-te-vis e sabiás pulam pelos canteiros e calçadas, os últimos com cara de bravos (não sei o porquê, mas sempre achei que sabiá tem cara de bravo, mas é lindo assim mesmo).

Em meu bairro, o moço da banca de revista, a moça do café, o cara da padaria e o vigia noturno conhecem as pessoas pelo nome. As pessoas e os cachorros, que parecem não ser só de seus donos, mas mascotes da rua toda. E haja cafuné! Em meu bairro há um supermercado bonito e tranqüilo, que recebe luz natural, assim como recebe bem os clientes com música suave (dia desses fui recebido ao som de Norah Jones... funcionou... eu ia comprar lenço de papel e saí com o jantar todo de uma vez).

Aqui no bairro há senhoras (orientais ou não) fazendo tai-chi na manhã fresca e ensolarada, sob um céu azul que vem te dar bom dia. Depois, tomam água de coco aberto na hora, animadas, pondo a conversa em dia (durante o tai-chi é silêncio mesmo). Em meu bairro, podemos caminhar de dia e à noite, ainda tranquilos. Há vilas com sobradinhos coloridos e floridos, com o cachorro brincando na garagem ou o gato espreguiçando-se ao sol em cima do muro.

Sim, em meu bairro ainda há pracinhas com grandes árvores, sob as quais crianças brincam nos playgrounds. Há jovens jogando vôlei nas quadras, suando e rindo. Há feiras no meio da rua, naquele velho estilo de “mulher bonita não paga, mas também não leva”. Com pastel, caldo de cana e tudo. Há gente bonita indo para o trabalho com a sacolinha de papel com pão de queijo e copinho de isopor com café para viagem. Há o rapaz da bicicleta com uma cesta de pães na frente, com sua buzina de borracha chamando lá dentro de casa gente que quer pão quentinho para o café e vem pegá-lo na calçada, de roupão e chinelo.

A propósito, este meu bairro fica na maior cidade do país, famosa por só ter concreto, asfalto, poluição, violência e barulho. E isso não é no subúrbio. É a cinco minutos do centro. Em parte, é verdade que essas coisas lamentáveis existem. Também. Não muito aqui no bairro, felizmente.

Mas erra quem acha que é só isso. Ignorantemente.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Os perigos dos estereótipos

Dia desses, uma pessoa muito querida de outro estado soltou um comentário sobre ser "impossível ver o céu em São Paulo".

Eu sempre, em minhas matérias, tento derrubar mitos e, se não posso ir direto à fonte, pesquisar para não escrever besteiras... Puxem elas para o lado bom ou para o ruim.

Uma amiga me passou um vídeo de uma escritora nigeriana qua vai direto ao assunto de uma forma muito polida, porém crítica. Não teve como assisti-lo e não postá-lo aqui. Divirtam-se.

Obs.: Escolha a língua das legendas logo abaixo do quadro do vídeo.

sábado, 28 de novembro de 2009

La memme merde

Tempos atrás eu discutia com alguém a breguice de nomes franceses em condomínios e edifícios que nada tem, terão ou sequer tiveram com a França (obviamente excluo deste comentário o Condomínio dos Franceses, na rua de mesmo nome da bela Vista, caríssimo amigo Luiz, rsrsrs).

A MaxHaus, inteligente e inovadora como sempre, fez um comercial que resume um pouco do meu raciocínio com muito do deles, de moradias que se adaptam de acordo com seus donos, e não o contrário. Ri muito, ao mesmo tempo curtindo a boa ideia. Preste atenção à  divertida letra  em "franco-português" no melhor estilão Carla Bruni e dê uma olhadinha no vídeo:


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rabanadas nos Jardins!!!

Gente, olhem isso! O lugar é bem legal, gostoso e o pessoal é bem bacana! Vale a pena.







segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Em cidade grande também é possível

Acordar mais cedo só pra acordar mais devagarinho, sem pressa ou sobressaltos. Se acordar antes do despertador escandaloso do rádio-relógio, melhor ainda. Pôr um CD gostoso no som enquanto toma um banho também sem pressa (mas sem desperdiçar água). Hoje o escolhido foi o do Boca Livre, que ouço desde criança. Cada música mais linda que a outra.

Depois chegar até a janela, sentir o clima pra saber que roupa vestir. Hoje, felizmente, um calorzinho gostoso que possibilitou uma calça mais fininha e uma pólo confortável. Sair na portaria e cumprimentar os zeladores, abrir o portão e deixar a vizinha passar na frente (e que vizinha!). O cavalheirismo, definitivamente, não morreu.

Ganhar a larga calçada e sentir o vento no rosto e no cabelo ainda molhado. Ir a pé para o trabalho neste bairro é uma terapia. Passar em frente àquela cafeteria bonitinha e estacar, de repente: “Quer saber? Hoje eu mereço comer uma coisa gostosa!” Dizer exatamente isso para a moça no balcão, que sorri e entende perfeitamente o pedido, não deixando de enriquecê-lo com um expresso fresquinho e cheiroso, com direito a açúcar mascavo e tudo. Dar uma passada d’olhos no jornal e na Vejinha. Pagar (não foi caro) e dar um último sorriso para a moça do balcão. Calçada de novo.

Evitar as ruas de maior movimento (ainda não tão movimentadas assim), vendo as lojas abrindo, o jornaleiro pendurando as revistas na banca, o pessoal indo para o escritório também com o cabelo ainda molhado e cheiro de banho recém-tomado. Uns felizes, outros reclamando mentalmente (mas indo). Ao entrar na rua do trabalho, uma das minhas preferidas do bairro, sorrir para a algazarra dos periquitos (ou maritacas?) nas árvores. Sim, aqui tem sabiás e maritacas ainda soltos, como devem ser. Olhar para o céu azul e ficar feliz só por ele estar ali.

Passar pelo jardim da editora cheirando a terra molhada, dar bom dia aos recepcionistas, entrar no elevador, tirar os óculos escuros e pôr os normais. Enquanto sobe, conversar com o Pai do Céu no pensamento, agradecendo: “Só o Senhor mesmo, pra fazer uma manhã dessas!”

E tome trabalho! Graças a Deus!