sábado, 28 de novembro de 2009

La memme merde

Tempos atrás eu discutia com alguém a breguice de nomes franceses em condomínios e edifícios que nada tem, terão ou sequer tiveram com a França (obviamente excluo deste comentário o Condomínio dos Franceses, na rua de mesmo nome da bela Vista, caríssimo amigo Luiz, rsrsrs).

A MaxHaus, inteligente e inovadora como sempre, fez um comercial que resume um pouco do meu raciocínio com muito do deles, de moradias que se adaptam de acordo com seus donos, e não o contrário. Ri muito, ao mesmo tempo curtindo a boa ideia. Preste atenção à  divertida letra  em "franco-português" no melhor estilão Carla Bruni e dê uma olhadinha no vídeo:


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Rabanadas nos Jardins!!!

Gente, olhem isso! O lugar é bem legal, gostoso e o pessoal é bem bacana! Vale a pena.







segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Em cidade grande também é possível

Acordar mais cedo só pra acordar mais devagarinho, sem pressa ou sobressaltos. Se acordar antes do despertador escandaloso do rádio-relógio, melhor ainda. Pôr um CD gostoso no som enquanto toma um banho também sem pressa (mas sem desperdiçar água). Hoje o escolhido foi o do Boca Livre, que ouço desde criança. Cada música mais linda que a outra.

Depois chegar até a janela, sentir o clima pra saber que roupa vestir. Hoje, felizmente, um calorzinho gostoso que possibilitou uma calça mais fininha e uma pólo confortável. Sair na portaria e cumprimentar os zeladores, abrir o portão e deixar a vizinha passar na frente (e que vizinha!). O cavalheirismo, definitivamente, não morreu.

Ganhar a larga calçada e sentir o vento no rosto e no cabelo ainda molhado. Ir a pé para o trabalho neste bairro é uma terapia. Passar em frente àquela cafeteria bonitinha e estacar, de repente: “Quer saber? Hoje eu mereço comer uma coisa gostosa!” Dizer exatamente isso para a moça no balcão, que sorri e entende perfeitamente o pedido, não deixando de enriquecê-lo com um expresso fresquinho e cheiroso, com direito a açúcar mascavo e tudo. Dar uma passada d’olhos no jornal e na Vejinha. Pagar (não foi caro) e dar um último sorriso para a moça do balcão. Calçada de novo.

Evitar as ruas de maior movimento (ainda não tão movimentadas assim), vendo as lojas abrindo, o jornaleiro pendurando as revistas na banca, o pessoal indo para o escritório também com o cabelo ainda molhado e cheiro de banho recém-tomado. Uns felizes, outros reclamando mentalmente (mas indo). Ao entrar na rua do trabalho, uma das minhas preferidas do bairro, sorrir para a algazarra dos periquitos (ou maritacas?) nas árvores. Sim, aqui tem sabiás e maritacas ainda soltos, como devem ser. Olhar para o céu azul e ficar feliz só por ele estar ali.

Passar pelo jardim da editora cheirando a terra molhada, dar bom dia aos recepcionistas, entrar no elevador, tirar os óculos escuros e pôr os normais. Enquanto sobe, conversar com o Pai do Céu no pensamento, agradecendo: “Só o Senhor mesmo, pra fazer uma manhã dessas!”

E tome trabalho! Graças a Deus!

Terceiro lugar

QUEM MORA SOZINHO TEM SEMPRE UM CANTINHO ESPECIAL PARA COLOCAR SUAS IDEIAS EM ORDEM, ALÉM DE CASA E DO TRABALHO – EM SÃO PAULO, UM DELES É O RAREBIT, MISTURA DE GALERIA DE ARTE, BISTRÔ E CAFÉ




Os urbanóides de vários cantos do mundo, principalmente os adeptos da arte de morar sozinho, já entenderam bem o significado do que é chamado de third place no dia-a-dia. O termo, diga-se de passagem, é bastante apropriado: é o seu terceiro lugar de permanência ou de convívio social, após sua casa e seu trabalho, nesta ordem.

Talvez nada se encaixe tanto da definição de third place quanto os cafés e bistrôs, tais como os conhecemos hoje, após as adaptações pedidas pela vida moderna. Por isso mesmo, alguns proprietários ousam e incrementam suas cafeterias, bistrôs e restaurantes, fazendo deles aquele cantinho em que você encontra os amigos depois de um dia árduo na labuta, senta em uma gostosa poltrona com o laptop para tentar dar uma adiantada na tese de mestrado ou doutorado, marca com aquela pessoa especial para conversarem melhor, vê contatos profissionais para uma reunião que pelo menos pareça mais informal - ou simplesmente esquece isso tudo e, confortavelmente, pura e simplesmente espairece.

Já sei... Lembrou-se do café Central Perk do seriado Friends não é?

Há aqueles espaços descaradamente comerciais mesmo – mas que nem por isso deixam de ser muito agradáveis – como a rede Starbucks, que deu um salto em seu crescimento após apostar na idéia de third place, ao invés de simplesmente um lugar para se comprar pó de café para levar para casa. Ao que parece, pelo menos até agora, a febre da sereia chegou ao Brasil para ficar. Nós, cidadãos paulistanos, compramos bem a idéia e já temos à nossa disposição mais de vinte lojas Starbucks pela metrópole afora. O próprio Howard Schultz, CEO da Starbucks, deve estar contente por ter cedido aos apelos da família Rodenbeck, proprietária da rede Outback no Brasil, para trazer o famoso café americano. Ele e nós, os que fomos conquistados pelo canto da sereia de duas caudas.

Mas espaços não tão comerciais assim, que apostam em uma proposta mais aconchegante, menos standard – vamos falar logo: com mais personalidade! – também exercem seu encanto entre os habitantes da urbe. E falando em personalidade, eu não posso deixar de citar um de meus cantinhos prediletos nesta enorme cidade que hoje é minha casa.

Mas isso tem uma historinha.

Eu, carioca de nascimento, já morei em cinco estados brasileiros. Há quase quinze anos, instalei-me em Sampa. E hoje tenho orgulho em dizer que meu coração é paulistano, assumidamente. E descobri que ele bate mais forte em um lugarzinho especial para o qual me mudei e do qual não sairei tão cedo: Pinheiros. Longas caminhadas pelo bairro e vizinhanças dele me mostraram inúmeros third places que fazem com que meu apê seja o meu quarto, e a região em volta dele seja o resto dessa casa em que vivo, chamada São Paulo. Sinto minha casa, mesmo fora dela. Para quem mora sozinho, isso cai como uma luva.

Num desses sábados frios, cinzentos e quase chuvosos que aprendi a amar, saí de casa com um objetivo fixo na mente: achar um café que fosse especial. Enquanto não acertasse, não voltaria. A caminhada era meio sem destino, errante, colina acima em direção à Avenida Paulista. Procurei entrar por ruas que eu não percorria normalmente, deixando as mais movimentadas de fora. Resolvi subir a rua Dr. Melo Alves, nos Jardins.

Lá embaixo, me vi em frente a algo que não é exatamente um café, mas um verdadeiro complexo gastronômico. Muito curioso e com muita vontade de conhecer o lugar, coloquei-o na lista de um outro sábado. Não era o que eu queria naquele dia. Mais acima, resisti à tentação de entrar na Oscar Freire, que tem seus espaços gostosos dos quais eu falarei com vocês, mas num outro dia... E foi justamente na quadra entre a Oscar e a alameda Lorena que me veio uma grata surpresa: um sobradinho bastante simpático em seus tijolos aparentes, toldo preto, mesinhas na calçada e clima acolhedor que chamava de longe.

Era o Rarebit, que para minha surpresa mostrava objetos de arte por todos os lados, além do cheirinho do espresso que me pegou ainda lá na calçada. Já entrei puxando conversa, no que fui correspondido prontamente pelo Carlos Uint, decorador veterano da Paulicéia, com trabalhos dentro e fora do Brasil. Qual não foi minha surpresa, conversando ainda, ao ser servido à mesa não por um garçom... Mas por um restaurador de móveis antigos e outras obras de arte, o Wilson! Hoje, Wilson é freelancer da casa, e aparece uma vez por semana para encarar o ateliê e a máquina de café.




Negócio de família
Esmiuçando melhor a história do lugar – coisa que eu gosto muito de descobrir – Carlos me mostrou que o espaço que é galeria de arte, bistrô, ateliê de restauração e loja de decoração (e café, para minha sorte!) é um negócio familiar, na boa acepção da palavra. É a própria família Uint que atende a quem chega, com seus aventais pretos de brim com o simpático logotipo do coelhinho estilizado, listrado. Em tempo: o nome do lugar vem de um famoso molho britânico de queijo, manteiga e condimentos (às vezes com cerveja), geralmente deitado sobre pão moído ou fatiado, o welsh rarebit, ou mesmo welsh rabbit. Daí o coelhinho do logo. Ah! Não! Não há coelho na receita...




Carlos conta: Mônica, filha de peixe, tem uma galeria de arte no local desde 1988. Com o tempo, ele e Wilma, sua esposa, resolveram se juntar à filha e montar o bistrô no andar de baixo, entre telas de vários estilos e simpáticas mesinhas com toalhas quadriculadas. O casal já está junto há mais de sessenta anos, entre namoro e casamento. Wilma, dessas mães carinhosas mas que falam tudo “na lata” doa a quem doer, fica escondidinha na simpaticíssima cozinha do sobrado. Ela teve uma babá portuguesa, a Celeste, que mais tarde também cuidou de Monica e de sua irmã, Luciana. E a portuguesa, claro, era uma tremenda craque das panelas com seus doces portugueses, que Wilma aprendeu muito bem a fazer. Cocada com gemas... conseguem entender o aroma, a cor, a crocância do açúcar de grossa moagem e o sabor residual somente em três palavras? Cocada-com-gemas... Eu consigo. Comprovem... Ah, é feita no tacho de cobre, viu?

Mas não só de doces é feita a cozinha de Wilma, Carlos e Monica. Já falei do café, obtido na máquina em cima do balcão feito de um antigo móvel de copa de madeira de lei. Pois bem: também há tortas doces e salgadas, vinhos de boa cepa, risotos, massas e um rosbife que “igual, só lá na Inglaterra”, como reza Carlos. Os nomes dos pratos, todos eles, remetem a artistas de todas as épocas e paragens.

Para o café da tarde, que tal uma fatia de bolo de fubá com erva doce? Bendita Celeste, que também aprendeu (e ensinou) a usar os ingredientes brazucas à mão...

No andar de cima, continua o (belíssimo) escritório da Mônica, com mesa de frente pra o jardim de inverno, e o show-room com mais telas, móveis antigos restaurados e até mesmo bijouterias das mais chiques, onde o gostoso sofá convida à reflexão e a acontecimentos inusitados – como o curso de cabala que eu peguei se querer acontecendo dia desses. Até o simpático banheiro merece uma olhadinha, com seu lavabo em madeira.




Sem dúvida, um de meus lugares mais queridos na minha capital. E pertinho de casa, em uma rua que também tem muitos outros atrativos!

Mas antes de fechar o Word: obviamente, os Uint são parte do meu tesouro paulistano. São uma de minhas famílias de Sampa. Amigos que sempre me deram muito carinho em horas boas ou difíceis. Não resisto a passar em frente ao sobradinho e a entrar para um café, um dedo de prosa e três abraços. Não estão no cardápio... Mas o carinho, o aconchego do lugar e o clima que fazem o dia valer a pena estão incluídos, pode crer. Tardes de sábado, ou do meio da semana, devem seu encanto à família Uint e a suas mesinhas de toalhas em xadrez, de onde eu sorvo meu bem tirado espresso e vejo o movimento da rua pelo grande pano de vidro frontal à guisa de vitrine.

Aliás, fazendo valer a regra do third place, com a qual comecei a matéria, adivinhe onde estou escrevendo este texto que é lido por você agora, vendo a tardinha cair lá fora?

Estão convidados!


Rarebit Galeria e Café – r. Dr. Melo Alves, 360, Jd. Paulista; tel. 11 3081-4350; http://www.rarebit.com.br/index.htm

Uma descrição interessante!

A garota passa com seus longos cabelos negros, brincos de artesanato, camiseta customizada com efeitos de grafitti, calças de um tecido fino e confortável e All Star lilás nos pés. Às costas, uma mochila com grafismos contrastando com a cor do tecido, com os devidos bottons e demais penduricalhos.

O rapaz, sentado à porta de um bar:

“Puxa... Ela é tão Vila Madalena!"